sábado, 12 de dezembro de 2009

In memoriam de mim

Aos setenta anos de idade
eu parei de escrever poemas
eu sentei na beira do abismo
e abismo é uma forma carinhosa de dizer

Aos setenta anos de idade
eu dei descarga na minha alma
eu descarreguei o meu revólver
e perdi aquele último trem

Eu chorei que nem chora uma criança
eu sorri tão sincero como se fosse desdentado
Aos setenta anos de idade
eu propus e aceitei um brinde a mim mesmo
Fundação

Nasci numa sala de espera e nunca mais sai de lá Da sombra o anjo cínico sorri e decreta: Vai, márcio, escrever torto em linhas retas