segunda-feira, 23 de junho de 2014

Mendicidade

Numa casa sem demarcações asila-se o tempo
E passa o seu tempo descansando de passar
Deixando-se sobre tudo, derramando sua cor
nas mobílias, portas, telhado e janelas
nas escadarias onde habita seu verdejante abandono
de mato, solidão adornada por ervas
Onde súbito um céu imenso o descampado abrasa
Frente aos fundos de um cenário de santo e sereno desamparo
Pura entrega ao destino por ninguém destinado
Apenas lido nas entrelinhas do vivido
Sem distanciamento, sem par, sem rastros.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Tua falta

Nenhum alento sob o sol
Nenhum momento de paz
Não mais
Nada que conforte
Que justifique a brusca parada
Nenhum ensinamento, nenhuma parábola

O gosto familiar do desespero
A partida sem perspectiva de volta
Os dias longos e pavorosos
As noites inquietas e embriagadas
Mais nada. Nada
Tudo ao redor preenchido por tua falta.