segunda-feira, 19 de abril de 2010

Amaríssimo é o meu verso de amor meio amargo


Cultivei no jardim de inverno do meu silêncio as rosas-palavras certas. Para encantar e seduzir, eu admito ( não me envergonho que é de meu gosto), porém, e talvez principalmente, para machucar a mão descuidada. Me embeveço, então, de olhares ternos e pequenas( e docíssimas) gotas de sangue. De afetos e desafetos é que eu vivo. Me obrigue a tudo, só não me condene a uma vida sem paixão.

(maria das dores)

domingo, 18 de abril de 2010

Às vezes Deus me tira a poesia.
Olho pedra, vejo pedra mesmo
(Adélia Prado)

sábado, 10 de abril de 2010

história de amor

Na rua mais deserta que pude achar
havia só uma casa e parecia conter
toda a vida que podia haver por ali:
gritos, luzes, música, festa
E ela veio de lá
Disse-me: eu teria que esquecer
Expliquei-lhe que vim da solidão
dos lugares feitos tão mais altos
onde só resta o ofício de lembrar
porém seus olhos eram tão lindos
tão lindos e tão claros
que eu tive vontade de morrer
tão lindos e tão claros
que tive a necessidade de lhe matar

domingo, 4 de abril de 2010

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Tua presença é feito um mar
que arrasta ao fundo minha dor
mas teus olhos feitos d'água
nunca pude decifrar
E se decidido estava
a deixar tudo no meio
tu me lanças vida abaixo
na vertigem de um sorriso
E o que antes era medo
é o que agora eu sigo cego
o meu reino por um resto
de compreensão num mundo alheio

Não me entenda errado

nem certo

Não há nada a ser traduzido

O que eu sinto nem tem nome

mal começa e já está findo
mal findo e recomeça
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Tua presença é mesmo um mar

Que me arrasta outra dor
mais fundo que eu quero chegar

é onde não estou
uma ausência que invade
a vertigem que aumenta
que alenta sendo mágoa
uma mentira tão sincera
e eu te aumento com meus préstimos
eu te engano e a mim mesmo

te encaixo em cada plano
depois desfaço todos eles
eu sacrifico em teu altar

oferto vidas em segredo
mee abraço com tua sombra
e nela eu me perco

principalmente eu me perco
no perfil de teu espanto
O que eu digo são os restos
são feridas que eu mesmo estanco

Onde que mora o meu medo?
Onde é o medo que tu mora?
Há certos gestos que eu não esqueço

quinta-feira, 1 de abril de 2010

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E disse a esfinge:
devora-te ou te devoro