quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Mítico

Forjar um destino
no caos do acaso,
caçar figuras
na desordem da espuma do mar,
em turbas de tresloucadas nuvens
ou desvairadas inúteis estrelas,
tecer com retalhos de absurdo
o contínuo desenrolar-se
de nosso amor mal amado e gratuito
– e é tudo
como se fosse um mesmo e único desatino
quando o coração volta a ser menino
e distraído,
do frio e envelhecido ofício da razão escondido,
diz Não,
é impossível.
De que me vale então o dia?
Que mistérios carrega a noite? pra onde se encaminha a vida?
O que de sábio me conta céu?
Contra quem arremete o mar?
Qual o final feliz das despedidas?