quarta-feira, 8 de julho de 2009

Sobre duas pernas

Nesse palco e ao mesmo tempo cadafalso
proferi coisas belas e sem sentido
que comoveram profundissimamente minha platéia

mas quando quis dizer a verdade
já não escutavam
e quando quis ouvir algo
já nada diziam

que sou um parvo bardo sem poesia nem meta
foi proclamado nos quatro cantos do meu quarto
situado delicadamente depois do fim do mundo
enquanto bebia tequila como quem bebe água
e namorava absorto tuas duas pernas
eu que nunca reparei exatamente em pernas
eu que nunca reparei exatamente em nada
sou só poesia
sem poeta.

2 comentários:

Alexandra disse...

bonito,

venho pra ver mais um pouco.

Vinicius Braga disse...

E só às vezes.