sábado, 22 de janeiro de 2011

Sob encomenda

Eu nunca precisei te fazer um poema
A não ser esse poema
que diz que não o fiz

Diz como quem diz no escuro
Como quem olha no silêncio
e sabe que tanto faz

Tanto faz esse poema
Tanto faz o pra quem seja
não diz mais
do que o nada demais:

Apenas o exatamente impreciso
o estritamente vago
o vulgarmente raro

O que não te escrevi
Está escrito em ti
E eu não sei bem te ler
Se fosse fácil, transcreveria
E tu acharia que eram minhas
as palavras tais
Um poema já nasce feito
Não se faz

Há sombras de versos dionisíacos
em teu olhar
auroras acalentadoras em tua voz
e desatinos intraduzíveis em teu desejo

Do que sei dizer: só.
Não olho,
entrevejo.

5 comentários:

Carol vi. disse...

bunito! obrigada pela visita, moço. =)

Jeff disse...

Cara... muito ou nada poético... bem escrito ou nada pensado... interessante... gostei

Vinicius Braga disse...

Bonito isso. Abeirando pra questão do ser né, sio?

Fernanda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernanda disse...

O dito pelo não dito... A dona iria gostar =)