não-correspondido
Caminhos tintos, suaves
logo após
longos e entorpecentes
e intermináveis
vinhos.
Venho
das solidões atordoadas
por tua beleza
chuvosa,
esquiva,
simples.
Volto pra casa repleto
dos deveres não cumpridos.
Cumprimento a chegada do dia
com um gesto aberto,
pleno de vazio.
Beijo como fosse a lápide
do amigo mais querido
o livro de nossos dias juntos
não vividos,
não escrito.
Fecho teus olhos e sonho
com teus olhos abertos
va-ga-ro-sa-men-te
me consumindo,
até que as lágrimas
e o branco da lua
possam me apagar
de tua rua.
Tem gente que lava as mãos cinco vezes antes e depois de ir ao banheiro...Tem gente que memoriza todas as placas de carros vermelhos... Tem gente que faz dez anos de análise...Tem gente que tem mais o que fazer...Tem gente que não faz porra nenhuma... tem gente que escreve
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
terça-feira, 11 de setembro de 2012
pedaços
Preciso que perdoe a calma
me consinta a falta
e escute os delírios
Preciso te trair e mudo
morder a luz do dia
nos arrancar um pedaço
Pintar nosso retrato
espelhado em teus olhos
de preferência fechados
Preciso não precisar de nada
esquecer a rima,
me desfazer na rua
Arruinado no rastro escuro
de alguma qualquer outra
sedutora ruína
eu te busco o pretexto
para diluir em verso
o amargo próprio do absurdo
Expor em termos próprios
a imprópria ferida
e esquecer os motivos
Preciso que perdoe a calma
me consinta a falta
e escute os delírios
Preciso te trair e mudo
morder a luz do dia
nos arrancar um pedaço
Pintar nosso retrato
espelhado em teus olhos
de preferência fechados
Preciso não precisar de nada
esquecer a rima,
me desfazer na rua
Arruinado no rastro escuro
de alguma qualquer outra
sedutora ruína
eu te busco o pretexto
para diluir em verso
o amargo próprio do absurdo
Expor em termos próprios
a imprópria ferida
e esquecer os motivos
domingo, 9 de setembro de 2012
depois do uivo
Gastei dois dias tentando escrever um bom poema
mais uma hora inteira tentando chorar em vão
Gritar eu sei que já não poderia
Os vizinhos poderiam vir a desconfiar nesse mesmo dia
Da grandissíssima e miserável verdadeira verdade absoluta
E quando por fim a solidão começa a deixar marcas em meu corpo
eu me curvo dolorido diante da total falta de sentido
diante de nossa adorável falta de imaginação
Esperando por uma primeira vez em que uma primeira voz
me arrancasse do pântano familiar de minha mente atordoada
choques constantes de realidade e vergonhosa lucidez impotente
sonhando minha cabeça recostada em teu colo sagrado.
ao tocar tua veste te pedir perdão
em nome de toda estupidez existente
de toda a estupidez da existência
queria urgentemente que ela voltasse
e que avidamente a vida se remendasse
enquanto vomito minha velha náusea em um canto
de dentro do meu vômito
posso ver brotar a flor de lótus
do meu desespero
limpidez não virgem pura ardente
gole dágua fria filtrada no escuro
enquanto me dou conta de tudo que não aconteceu
eu levei mais de dois dias chorando estes versos em vão.
Gastei dois dias tentando escrever um bom poema
mais uma hora inteira tentando chorar em vão
Gritar eu sei que já não poderia
Os vizinhos poderiam vir a desconfiar nesse mesmo dia
Da grandissíssima e miserável verdadeira verdade absoluta
E quando por fim a solidão começa a deixar marcas em meu corpo
eu me curvo dolorido diante da total falta de sentido
diante de nossa adorável falta de imaginação
Esperando por uma primeira vez em que uma primeira voz
me arrancasse do pântano familiar de minha mente atordoada
choques constantes de realidade e vergonhosa lucidez impotente
sonhando minha cabeça recostada em teu colo sagrado.
ao tocar tua veste te pedir perdão
em nome de toda estupidez existente
de toda a estupidez da existência
queria urgentemente que ela voltasse
e que avidamente a vida se remendasse
enquanto vomito minha velha náusea em um canto
de dentro do meu vômito
posso ver brotar a flor de lótus
do meu desespero
limpidez não virgem pura ardente
gole dágua fria filtrada no escuro
enquanto me dou conta de tudo que não aconteceu
eu levei mais de dois dias chorando estes versos em vão.
domingo, 12 de agosto de 2012
A pata da Gazela
O efeito da solidão é similar
ao de certas substâncias.
Faz prestar atenção
naquilo que em condições normais de temperatura e pressão
passaria por ti
e passaria batido:
o pássaro atravessado no horizonte,
a janela quebrada no mirante
o gato no telhado -
que meditativo contempla o nada.
mais nada
ao me apaixonar pelo pé da mesa
onde havia a moça ao lado
enamorei-me do pé da moça
e no resto dela eu esqueci
o esquecer
que é como efeito de certas solidões.
O efeito da solidão é similar
ao de certas substâncias.
Faz prestar atenção
naquilo que em condições normais de temperatura e pressão
passaria por ti
e passaria batido:
o pássaro atravessado no horizonte,
a janela quebrada no mirante
o gato no telhado -
que meditativo contempla o nada.
mais nada
ao me apaixonar pelo pé da mesa
onde havia a moça ao lado
enamorei-me do pé da moça
e no resto dela eu esqueci
o esquecer
que é como efeito de certas solidões.
domingo, 22 de julho de 2012
Redenção
Domaram o cavalo e são jorge
Arriaram o dragão da lua
os herdeiros de indivisível dívida
cansaram de dividir desculpas
Os ditos reis da ruína
os bem providos de falta
os opulentos da fome
os abençoados com chagas
os que se chamavam sem nome
Agora se chamam redentores de nossas almas
Os poemas natimortos
são as novas
velhas escrituras sagradas
e a verdade sentada no trono
nem se acanha de ser várias
Domaram o cavalo e são jorge
Arriaram o dragão da lua
os herdeiros de indivisível dívida
cansaram de dividir desculpas
Os ditos reis da ruína
os bem providos de falta
os opulentos da fome
os abençoados com chagas
os que se chamavam sem nome
Agora se chamam redentores de nossas almas
Os poemas natimortos
são as novas
velhas escrituras sagradas
e a verdade sentada no trono
nem se acanha de ser várias
Sequer é minha
nada me prende a nada
é essa a frase, e sequer é minha
e nem mesmo aquela vírgula
que foi parar no lugar errado,
vindo deus sabe de onde
Mas onde é mesmo que eu estava?
Ah,
NADA - me prende a - NADA
- é essa a frase e sequer é minha,
mas estou preso a ela
e toda ela me contamina
nada me prende, ah, nada
é essa frase e nem sequer é minha
nada me prende a nada
é essa a frase, e sequer é minha
e nem mesmo aquela vírgula
que foi parar no lugar errado,
vindo deus sabe de onde
Mas onde é mesmo que eu estava?
Ah,
NADA - me prende a - NADA
- é essa a frase e sequer é minha,
mas estou preso a ela
e toda ela me contamina
nada me prende, ah, nada
é essa frase e nem sequer é minha
sábado, 7 de julho de 2012
No lugar de adeus
A parte de mim que eu mais gosto é de ti
e enquanto o velho levava as flores para onde agora
não havia ninguém
eu achava triste e você apenas sorria
(eu gostava do seu sorriso também)
Uma santa ignorância, uma puta dor no peito
o chá de camomila me fazia bem
Você disse até logo no lugar de adeus
e o único erro,
a merda toda
é que eu quase te amei.
domingo, 17 de junho de 2012
e tem o Mar
tem dias que passa um século sem eu te ver
e estranho é o encontro
do meu desejo desencontrado
com teu cheiro doce,
com teu gosto quase-delicado,
é eu lembrar de cada vestido
e Achar bonito o que tu acredita
sentir meus sentidos estranhos
é agora querer Ir crente da despedida.
não gostar mais do gosto da saudade
a presença da ausência no meio da casa
querer antes a pedra no caminho
que esse sentimento
não consentido
que a tua falta.
teus olhos carregam uma mágoa antiga
já petrificada
e me Recordam que nada
é de todo suficiente
- algumas cartas já foram dadas
levo As mãos ao rosto
enquanto conto esse segredos a todos:
os sinais eu não sei ler,
eu não sei saber
aceitar o que vem
e principalmente o que tem que ir
a que veio com olhos de querer partir
( o destino?
eu não conheço
começa a haver
de tanto a gente não o cumprir
e pra isso é todo caminho traçado
fazer entrever nos seus limites
a possibilidade do êxito-fracassado:
a morte de tudo que vive
o atalho pro fim.)
tem dias que passa um século sem eu te ver
e estranho é o encontro
do meu desejo desencontrado
com teu cheiro doce,
com teu gosto quase-delicado,
é eu lembrar de cada vestido
e Achar bonito o que tu acredita
sentir meus sentidos estranhos
é agora querer Ir crente da despedida.
não gostar mais do gosto da saudade
a presença da ausência no meio da casa
querer antes a pedra no caminho
que esse sentimento
não consentido
que a tua falta.
teus olhos carregam uma mágoa antiga
já petrificada
e me Recordam que nada
é de todo suficiente
- algumas cartas já foram dadas
levo As mãos ao rosto
enquanto conto esse segredos a todos:
os sinais eu não sei ler,
eu não sei saber
aceitar o que vem
e principalmente o que tem que ir
a que veio com olhos de querer partir
( o destino?
eu não conheço
começa a haver
de tanto a gente não o cumprir
e pra isso é todo caminho traçado
fazer entrever nos seus limites
a possibilidade do êxito-fracassado:
a morte de tudo que vive
o atalho pro fim.)
sábado, 31 de março de 2012
sábado, 10 de março de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Elvis não morreu
Quem morreu fui eu
E na ultima foto
Ao seu lado
Eu estava vendo tudo
Com os olhos fechados
Fingi que você era quem nunca foi
Você também fechou os olhos e acreditou.
Procurei a distancia pra não correr o risco
De eu me encontrar
E querer saber
O que se passava com tudo que ainda
Não passou
Sem dar satisfações,
Sentei-me à beira do acaso
Pensando em tudo que não era você
Apenas por não te ser.
Ao longe, Uma canção tão triste
que de tão triste nunca existiu
O fantasma que deu pra ser meu par
me falou de coisas espantosas
Que eu não gostei de saber
Eu senti o ódio fazendo malabares no meu peito
Tentei te matar em pensamento
Mas no próprio pensamento a mira eu errei.
tentei em mim: problema resolvido,problema meu.
Quem morreu fui eu
E na ultima foto
Ao seu lado
Eu estava vendo tudo
Com os olhos fechados
Fingi que você era quem nunca foi
Você também fechou os olhos e acreditou.
Procurei a distancia pra não correr o risco
De eu me encontrar
E querer saber
O que se passava com tudo que ainda
Não passou
Sem dar satisfações,
Sentei-me à beira do acaso
Pensando em tudo que não era você
Apenas por não te ser.
Ao longe, Uma canção tão triste
que de tão triste nunca existiu
O fantasma que deu pra ser meu par
me falou de coisas espantosas
Que eu não gostei de saber
Eu senti o ódio fazendo malabares no meu peito
Tentei te matar em pensamento
Mas no próprio pensamento a mira eu errei.
tentei em mim: problema resolvido,problema meu.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Sem açúcar
Tentem não ficar chateados quando digo: não gosto de vocês.
Prometo que de anteontem em diante tudo isso há de mudar.
Aí então vou pra qualquer lado ser amigo de infância de qualquer um,
espero que isso me leve a algum qualquer lugar.
Coitado do álvaro de campos que tem tanta pena de si,
e eu que nem tenho agora também quero ter.
Sei que Deus ajuda quem tem um pássaro na mão.
Sei que gosto de rir de tudo e um pouco de me perder.
Tentem gostar de mim mesmo quando digo que não gosto de ninguém,
quando digo que de vocês é que eu não vou sentir falta.
Sou um velho sentado numa cadeira de balanço na porta de casa
fumando um charuto que nunca termina
tomando chá de camomila.
(sem açúcar)
Tentem não ficar chateados quando digo: não gosto de vocês.
Prometo que de anteontem em diante tudo isso há de mudar.
Aí então vou pra qualquer lado ser amigo de infância de qualquer um,
espero que isso me leve a algum qualquer lugar.
Coitado do álvaro de campos que tem tanta pena de si,
e eu que nem tenho agora também quero ter.
Sei que Deus ajuda quem tem um pássaro na mão.
Sei que gosto de rir de tudo e um pouco de me perder.
Tentem gostar de mim mesmo quando digo que não gosto de ninguém,
quando digo que de vocês é que eu não vou sentir falta.
Sou um velho sentado numa cadeira de balanço na porta de casa
fumando um charuto que nunca termina
tomando chá de camomila.
(sem açúcar)
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Quão ridículo é o medo de ser ridículo?
quanta solidão pode caber numa pessoa?
quantos pensamentos tristes numa lágrima só?
quantos pedaços tem um coração despedaçado?
quantos dentes tem a vontade de fazer alguém sorrir?
quanta fé tem repetida num terço?
quanto é o terço de uma pessoa partida ao meio?
quanto de vida é preciso até morrer na hora que tem que ser?
quanto desse canto eu preciso pra estancar esse tanto...
esse tanto sentir sem saber?
quanta solidão pode caber numa pessoa?
quantos pensamentos tristes numa lágrima só?
quantos pedaços tem um coração despedaçado?
quantos dentes tem a vontade de fazer alguém sorrir?
quanta fé tem repetida num terço?
quanto é o terço de uma pessoa partida ao meio?
quanto de vida é preciso até morrer na hora que tem que ser?
quanto desse canto eu preciso pra estancar esse tanto...
esse tanto sentir sem saber?
Mirante
Quando essa ilha se acabar
no escorregadio afago da serpente
ou enquanto um engarrafamento qualquer
subitamente nos congestionar a alma,
eu te quero ao meu lado:
eu, tu e uma garrafa,
que essa história de morrer
ainda deve de dar alguma sede,
e morrer de sede a essa altura
não passaria de uma piada sem graça.
O que eu não quero é estar longe,
perder a vista do fim no alto de um mirante,
mirar teus olhos e os meus nos teus os meus
nesse réptil, fugaz e sublime instante.
Quando essa ilha se acabar
no escorregadio afago da serpente
ou enquanto um engarrafamento qualquer
subitamente nos congestionar a alma,
eu te quero ao meu lado:
eu, tu e uma garrafa,
que essa história de morrer
ainda deve de dar alguma sede,
e morrer de sede a essa altura
não passaria de uma piada sem graça.
O que eu não quero é estar longe,
perder a vista do fim no alto de um mirante,
mirar teus olhos e os meus nos teus os meus
nesse réptil, fugaz e sublime instante.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
XXXXXXXXX
Talvez o maior erro seja
tentar não errar
O dia nasce todo dia sem se importar em saber
o que é melhor ou pior,
custar ou se apressar
O que falta ser feito
e o que não se devia fazer.
Por não saber o nome do que sinto
eu não devia sentir?
O indefinido tem seu próprio tempo
o tempo preciso de que precisar
o teu olhar tem uma cor que me dói
e no teu sorriso eu me sinto emergir
por não conseguir explicar eu não devo
falar?
Eu não sei como dizer,
sequer o que dizer
e o seu porquê
o sentimento do indefinido
é definitivamente vivo e ele há
de me levar
a qualquer lugar que seja
o qualquer lugar em que tu está.
Talvez o maior erro seja
tentar não errar
O dia nasce todo dia sem se importar em saber
o que é melhor ou pior,
custar ou se apressar
O que falta ser feito
e o que não se devia fazer.
Por não saber o nome do que sinto
eu não devia sentir?
O indefinido tem seu próprio tempo
o tempo preciso de que precisar
o teu olhar tem uma cor que me dói
e no teu sorriso eu me sinto emergir
por não conseguir explicar eu não devo
falar?
Eu não sei como dizer,
sequer o que dizer
e o seu porquê
o sentimento do indefinido
é definitivamente vivo e ele há
de me levar
a qualquer lugar que seja
o qualquer lugar em que tu está.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Morrer e depois dormir
a dor é sempre do lado esquerdo
quem não quer saber é que sabe do mal
O dia dura, no mínimo, o dia inteiro
O ponteiro do relógio é um punhal
um minuto, incerto, pode ser eterno
certeiro, um minuto dura um minuto e ponto final
quem não quer lembrar
é por não saber esquecer
não saber deixar morrer,
e depois ir dormir.
a dor é sempre do lado esquerdo
quem não quer saber é que sabe do mal
O dia dura, no mínimo, o dia inteiro
O ponteiro do relógio é um punhal
um minuto, incerto, pode ser eterno
certeiro, um minuto dura um minuto e ponto final
quem não quer lembrar
é por não saber esquecer
não saber deixar morrer,
e depois ir dormir.
domingo, 22 de janeiro de 2012
Sonho
Era como se o começo fosse o fim
Como se o fim fosse o final
Era como se o "como se"
Fosse o que houvesse de mais real
Era como se hoje fosse ontem
E o amanhã uma espécie de sentir-se mal
Era como se eu mesmo não fosse o mesmo
O sonho fosse sonho para dentro de si
E o "como se fosse" não fosse nada a mais
que o nada demais
E era como se
Como se fosse o como é
fosse tudo exatamente igual
Era como se o começo fosse o fim
Como se o fim fosse o final
Era como se o "como se"
Fosse o que houvesse de mais real
Era como se hoje fosse ontem
E o amanhã uma espécie de sentir-se mal
Era como se eu mesmo não fosse o mesmo
O sonho fosse sonho para dentro de si
E o "como se fosse" não fosse nada a mais
que o nada demais
E era como se
Como se fosse o como é
fosse tudo exatamente igual
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