Mudança
Não sei se alguém ainda lê blogs. Eu quase não leio. Pouco visito os blogs que antes frequentava assiduamente. Passei a visitar cada vez menos meu próprio blog. Não me sentia mais em casa aqui. Criei o poesiaobsessivacompulsiva há quase nove anos. A ideia original era fazer uma construção coletiva. Cheguei a falar com dois ou três conhecidos, mas nunca foi para frente. Talvez porque o que já tinha publicado desmentia minha ideia. Era muito pessoal. Não cabia mais ninguém. Por fim, eu mesmo não cabia mais. Nas minhas últimas postagens sentia que havia nesse espaço certos limites auto-impostos que não me interessavam mais. Ao mesmo tempo não me parecia o caso de romper esses limites, mas de respeitá-los. Esse espaço se fez assim e nele pude fazer uma coisa ou outra. Há aqui alguns poemas dos quais gosto muito, e outros que eu apenas suporto. Os que achei realmente muito ruins eu joguei fora. Mas muita coisa me parece estar ainda em estado bruto. Feito nas coxas, como se diz. Em alguns momentos ele mais parece um diário mal alimentado. E um diário não é para ser modificado. Nem para aprisionar ninguém no que ficou para trás. É apenas um retrato. Que. às vezes, é bom guardar. Outra vezes é melhor rasgar. Ou incendiar. Sei lá. Fato é que muita coisa mudou, minha própria relação com a escrita, com a poesia, com o meu trabalho. Tudo isso instigou em mim a vontade de construir outro espaço. E reescrever. Com outros limites. E quem sabe, com a ilustre visita de um ou outro que ainda se aventure a ler os tais blogs.
Meu novo endereço é:
http://amarineoblog.blogspot.com.br/
tchau
poesia obsessiva compulsiva
Tem gente que lava as mãos cinco vezes antes e depois de ir ao banheiro...Tem gente que memoriza todas as placas de carros vermelhos... Tem gente que faz dez anos de análise...Tem gente que tem mais o que fazer...Tem gente que não faz porra nenhuma... tem gente que escreve
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
sexta-feira, 10 de junho de 2016
Descobrimento
Conhecia o amor apenas
Como a um animal faminto:
“Devoro-te ou me devoro”.
Não sabia o que seria
o querer bem
Que não fosse por ser
O Bem junto de si.
Não conhecia o amor
Mesmo dizendo
Ter amado tanto
E por tanto tempo.
E foi preciso que o tempo
fosse tão pouco
Para que ensurdecido reconhecesse
Seu íntimo desconhecido.
Conheceu o amor apenas
E do conhecimento jorrava
todos os seus dias não vividos
A renúncia como prova
Mas prova de amor não consentida
Descartando testemunhas, cúmplices e registros.
Acaso o amor não basta?
Acomodada dentro do peito,
a falta incomodando
Mostra que nem o amor pode bastar
Quando se ama tanto.
Conhecia o amor apenas
Como a um animal faminto:
“Devoro-te ou me devoro”.
Não sabia o que seria
o querer bem
Que não fosse por ser
O Bem junto de si.
Não conhecia o amor
Mesmo dizendo
Ter amado tanto
E por tanto tempo.
E foi preciso que o tempo
fosse tão pouco
Para que ensurdecido reconhecesse
Seu íntimo desconhecido.
Conheceu o amor apenas
E do conhecimento jorrava
todos os seus dias não vividos
A renúncia como prova
Mas prova de amor não consentida
Descartando testemunhas, cúmplices e registros.
Acaso o amor não basta?
Acomodada dentro do peito,
a falta incomodando
Mostra que nem o amor pode bastar
Quando se ama tanto.
sexta-feira, 13 de maio de 2016
quinta-feira, 28 de abril de 2016
Reminiscências
Queria poder te dizer palavras novas
Que versassem sobre sentimentos
Sequer ainda existentes
e te suscitassem algo de profundamente
Belo e redentor
Como num sonho ainda adolescente
Onde ao fim do percurso me deparava
com a letra que ao texto dos dias faltava
e resplandecia tudo com um óbvio sentido
Pressentido em absolutamente todas as esquinas
Alentando o coração e acalmando o pensamento
Abrir um caminho insuspeito é um gesto doloroso
Cujo preço somente é perder-se para sempre
Sem olhar para o lado e ver o já feito
Sem carregar nos bolsos o relato de qualquer sobrevivente
Queria te dizer palavras que fossem realmente novas
Te conduzir a paragens que eu mesmo desconheço
E que me trouxessem um cheiro esquecido
Numa queda inocente de infância
Algo de indefinidamente perdido
Escorrendo entre os coloridos ladrilhos
Queria poder te dizer palavras novas
Que versassem sobre sentimentos
Sequer ainda existentes
e te suscitassem algo de profundamente
Belo e redentor
Como num sonho ainda adolescente
Onde ao fim do percurso me deparava
com a letra que ao texto dos dias faltava
e resplandecia tudo com um óbvio sentido
Pressentido em absolutamente todas as esquinas
Alentando o coração e acalmando o pensamento
Abrir um caminho insuspeito é um gesto doloroso
Cujo preço somente é perder-se para sempre
Sem olhar para o lado e ver o já feito
Sem carregar nos bolsos o relato de qualquer sobrevivente
Queria te dizer palavras que fossem realmente novas
Te conduzir a paragens que eu mesmo desconheço
E que me trouxessem um cheiro esquecido
Numa queda inocente de infância
Algo de indefinidamente perdido
Escorrendo entre os coloridos ladrilhos
quarta-feira, 27 de abril de 2016
sexta-feira, 8 de abril de 2016
Uns nus versos
Tua imagem nua
a ler-me uns versos
Cravou-se em meus olhos
Gravou-se em meu gosto
Tua voz rouca a titubear ressoa
em um gesto suave de supremo esforço:
Poemas são destroços lançados ao mar!
Poemas são escombros
a amparar em um naufrágio
raros sobreviventes resignados a ensaiar
tímidos acenos a um céu insistente e vazio
ou mesmo um salobro sorriso
para o momento em que -por cansaço -
for sereno o desterro
São tentativas exíguas
de remanescer ao próprio corpo
pela conjunção da carne sedenta e da palavra aquosa
São as tábuas da salvação rotas pelo desconsolo
São as asas dos pássaros a sobrevoar, frente à morte,
nossa breve já duradoura vitória.
Poemas são destroços lançados ao mar!
Tua imagem nua
a ler-me uns versos
Cravou-se em meus olhos
Gravou-se em meu gosto
Tua voz rouca a titubear ressoa
em um gesto suave de supremo esforço:
Poemas são destroços lançados ao mar!
Poemas são escombros
a amparar em um naufrágio
raros sobreviventes resignados a ensaiar
tímidos acenos a um céu insistente e vazio
ou mesmo um salobro sorriso
para o momento em que -por cansaço -
for sereno o desterro
São tentativas exíguas
de remanescer ao próprio corpo
pela conjunção da carne sedenta e da palavra aquosa
São as tábuas da salvação rotas pelo desconsolo
São as asas dos pássaros a sobrevoar, frente à morte,
nossa breve já duradoura vitória.
Poemas são destroços lançados ao mar!
segunda-feira, 4 de abril de 2016
Quando os ladrões adormecem
Passo após passo
Um caminho longo e deserto
cai bem
em certas horas da noite
Quando os ladrões adormecem
E os cães sentem muita preguiça
para esbravejar
contra o imprevisto e indeciso andarilho
a considerar:
É melhor ter coragem ou se render de vez?
ter brios de desistir
ou simplesmente deixar para lá?
As cogitações refletem-se
nas poças da água
e as estrelas que restam ver
pelo céu poluído
testemunham coisa alguma a se concluir
O sol começa a nascer
de um modo um tanto esquisito
E no rubro arrebol uma questão retine:
Era esse mesmo o script?
melhor não seria pôr um ponto final?
pareceu-lhe tola a atrevida interrogação
Afinal, pontos finais cabem a Deus decidir
O destino é mais suportável
quando habitado
por um outro querer
E o que Ele quer? O que isso faz de ti?
É melhor estar de pé
Mesmo tropeçando
Mesmo que seja amargo, é melhor estar aqui
Decidido isso,
deitou-se e pôde adormecer.
Passo após passo
Um caminho longo e deserto
cai bem
em certas horas da noite
Quando os ladrões adormecem
E os cães sentem muita preguiça
para esbravejar
contra o imprevisto e indeciso andarilho
a considerar:
É melhor ter coragem ou se render de vez?
ter brios de desistir
ou simplesmente deixar para lá?
As cogitações refletem-se
nas poças da água
e as estrelas que restam ver
pelo céu poluído
testemunham coisa alguma a se concluir
O sol começa a nascer
de um modo um tanto esquisito
E no rubro arrebol uma questão retine:
Era esse mesmo o script?
melhor não seria pôr um ponto final?
pareceu-lhe tola a atrevida interrogação
Afinal, pontos finais cabem a Deus decidir
O destino é mais suportável
quando habitado
por um outro querer
E o que Ele quer? O que isso faz de ti?
É melhor estar de pé
Mesmo tropeçando
Mesmo que seja amargo, é melhor estar aqui
Decidido isso,
deitou-se e pôde adormecer.
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