Dois
Acostumado eu já estava
às horas vazias, sem par
A uma espera imprecisa
sem termo
às noites sem lua, sóis sem calor
A não saber como desaguar
O querer do meu corpo
A medir a paixão
em doses tão pequenas
que não atrapalhassem
minha ansiada indiferença
Depois a vida, em geral,
por mim maldita,
Contradisse-me a opinião
Os demônios supostamente mortos
ressurgiram terríveis
frente a mim, para minha surpresa,
também encontrado vivo
Renovado, Sedento e faminto
Cansado de ser um a esperar
O que não sabe, o que não quer saber
você chegou, e somos dois, sem pejo algum
Chegou, como chega a luz na absoluta escuridão
de início, cegando quem já se encontrava cego
logo após compondo com os fantasmas, com as sombras
o belo retrato do que pode ser o fim do solo triste
de uma longa e intempestiva canção
Nenhum comentário:
Postar um comentário